A ECT produz uma espécie de "restart" cerebral - uma forma de "silêncio", semelhante a "desligar" e imediatamente reiníciar um programa de computador. A crise convulsiva é monitorada por um aparelho de EEG (Eletroencefalograma), pois a utilização de relaxantes musculares geralmente impede a visualização da crise motora.
A ECT foi modificada e atualizada ao longo dos anos e assim é considerada um tratamento seguro e eficaz, especialmente para enfermidades neuropsiquiátricas graves e que não respondem a tratamentos convencionais.
A falta de conhecimento e o mau uso da técnica, no passado, acabaram criando um preconceito, uma imagem errônea e distorcida com relação ao real tratamento com ECT. A mídia popular faz questão de exibir a técnica como era realizada no passado, sem anestesia - algo traumático, doloroso e agressivo. O que não corresponde ao tratamento da atualidade, suficientemente moderno e humanizado. Assim, muitas pessoas que se encontram enfermas e em pleno sofrimento, acabam não concordando em se submeter ao tratamento, deixando de receber os benefícios desta avançada técnica de Neuromodulação. Se faz urgente desmistificar a ECT (Eletroconvulsoterapia), disponibilizando-a para pessoas que mais necessitam - que possuem indicações médicas precisas - e para àquelas que não possuem acesso e/ou recursos para tanto.
indicações da ECT:
- DEPRESSÃO COM RISCO IMINENTE DE SUICIDIO
- DEPRESSÃO REFRATÁRIA (RESISTENTE) A MEDICAMENTOS
- NECESSIDADE DE ACELERAR A RESPOSTA ANTIDEPRESSIVA
- DEPRESSÃO COM SINTOMAS PSICÓTICOS GRAVES (Delírios, alucinações e comportamento desorganizado)
- SINTOMAS CATATÔNICOS
- DESNUTRIÇÃO GRAVE E RISCO DE MORTE
- Transtorno Afetivo Bipolar (Fases depressiva, mista e Mania)
- Depressão recorrente
- Psicoses e transtornos do humor na GRAVIDEZ e PUERPÉRIO (Amamentação)
- Psicoses e transtornos afetivos na população geriátrica
- Pacientes que não toleram os efeitos colaterais dos medicamentos (idosos, oncológicos, inanição)
- Esquizofrenia refratária e outras psicoses
- Síndrome Neuroléptica Maligna
- Epilepsia Refratária
- Transtornos Mentais em epilépticos
- Certas formas de Parkinson - Melhora dos sintomas depressivos, psicóticos e extrapiramidais (tremor/rigidez muscular) - esta de forma transitória.
- Transtornos mentais orgânicos decorrentes de quadros infecciosos e metabólicos.
- Delirium
- Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
- Síndromes Psiquiátricas Resistentes ( sinais e sintomas de Depressão, Psicose e Agitação/hostilidade) no paciente com Demência.
Embora o mecanismo de ação não seja completamente conhecido, há evidências de pesquisas que evidenciam múltiplos mecanismos neurobiológicos para o efeito terapêutico da ECT:
* Propriedade estabilizadora do humor superior a farmacoterapia nos transtornos depressivos
* Mudanças neurofisiológicas, neuroquímicas, imunológicas e expressão gênica
* Aumento de BNDF (Fator Neurotrófico derivado do cérebro), VEGF (Fator de crescimento endotelial vascular), GDNF (Fator neurotrófico derivado da linhagem de células gliais) e FGF-2 (Fator de crescimento de fibroblastos).
* Neurgênese - Processo de formação de novos nerônios no cérebro (Proliferação de brotos dendríticos)
* Aumento da conectividade em hipocampo
* Neroplasticidade - aumento das fibras musgóides
* Diminuição na indução do gene blc-Xs - responsável pela morte e apoptose neuronal
* Neuroproteção (robustez do citoesqueleto)
* Redução da concentração de marcadores de degeneração neuronal no líquor de pacientes submetidos à ECT (proteina tau, proteina S-100 beta e neurofilamentos)
* Equilíbrio de neurotransmissores
EFEITOS COLATERAIS:
Efeitos adversos são geralmente passageiros e benignos mas varia de pessoa para pessoa. Eles também podem receber intervenções médicas - se necessário. São mais comuns no início do tratamento.
- Náusea
- Cefaléia
- Desorietação temporo-espacial ao despertar da anestesia
- Dor muscular
- Perda temporária da memória
"Durante o tratamento, é comum que os pacientes experimentem perda de memória temporária, especialmente em relação a eventos recentes. Esse efeito é geralmente reversível e tende a melhorar após o término das sessões. No entanto, em alguns casos, pode haver dificuldades cognitivas mais persistentes, dependendo de fatores como a frequência do tratamento, a intensidade das correntes elétricas e a condição de saúde mental do paciente." (Google)
A posição dos eletrodos também influencia tanto na eficácia como nos efeitos cognitivos que possam surgir. As três posições classicas são Bitemporal, Bifrontal e Unilateral.
É bastante pertinente lembrar que os próprios transtornos mentais - sua severidade, cronicidade, período de tempo sem tratamento e sintomatologia residual - causam prejuízo cognitivo importante e em consequência disso nem todo déficit cognitivo apresentado, após tratamento com ECT, é derivado do tratamento. Alguns quadros depressivos são um exemplo importante dessas alterações profundas na cognição (memória) e muitas vezes são justamente denominados de "pseudodemência" - nesses casos a ECT melhora a cognição. O tipo de medicamento utilizado e sua posologia também pode influenciar e assim causar efeitos colaterais cognitivos.
Obs: COGNICÃO é o processo de construção do conhecimento, que envolve um conjunto de habilidades mentais como, Memória, Atenção, Linguagem, Criatividade, Planejamento. (Google)
A maioria dos pacientes relata melhora do desempenho cognitivo, após ECT. (The Practice of Electroconvulsive Therapy - Second edition - A Task Force Report of American Psychiatric Association
O procedimento é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Resolução 2.057 /13.
O aparelho atual de ECT é moderno e avançado, produzido especificamente para esta tecnica de Neuromodulação.
A ECT é reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)
"Apesar do estigma ainda existir na atualidade, é inquestionável que a ECT é uma intervenção eficaz, segura e, muitas vezes, capaz de salvar a vida, principalmente em transtornos nos quais outras intervenções tiveram pouco ou nenhum efeito"

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA REALIZAÇÃO DE ECT
1 - Relatório Médico apresentando os seguintes:
A - Patologia de Base (CID da doença)
B - Sintomas alvo para tratamento com ECT
C - Comorbidades Psiquiátricas
D - Número de Sessões e sua Frequência
E - Medicação em Uso e suas respectivas dosagens
2 - Exames Clínicos Laboratoriais:
A - Hemograma Completo
B - Coagulograma Completo
C - Sódio, Potássio, Cálcio {Iônico e total} e Magnésio
D - Uréia e Creatinina
E - Glicemia de jejum
F - Proteínas total e frações
G - TGO, TGP e GGT
H - TSH
I - Radiografia de Tórax *
J - TC de crânio *
3 - Risco cirurgico
A - Eletrocardiograma (ECG)
B - Risco cirurgico Cardiológco
4 - Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) - Documento que explicita o consentimento do paciente ou responsável legal, obtido antes do início da realização da ECT. O TCLE garante que a participação do paciente é voluntária. (Google)
{O Termo ELETROCHOQUE já é pejorativo.}
* OS BENEFÍCIOS SURPREENDENTES DA ELETROCONVULSOTERAPIA
* O RENOMADO CIRURGIÃO E ESCRITOR SHERWIN NULAND SOBRE TERAPIA COM ELETROCHOQUE
* A VERDADE SOBRE ELETROCONVULSIVOTERAPIA
* ELETROCONVULSOTERAPIA PARA O TRATAMENTO DA DEPRESSÃO PSICÓTICA REFRATÁRIA EM PACIENTES COM DESNUTRIÇÃO GRAVE: ESTAMOS ESQUECENDO A ECT?